sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Encontro - Santíssima Trindade

A SANTÍSSIMA TRINDADE

™ Um pouco de história


Conta-se que Santo Agostinho andava em uma praia meditando sobre o mistério da Santíssima Trindade: um Deus em três pessoas distintas...
Enquanto caminhava, observou um menino que portava uma pequena tigela com água. A criança ia até o mar, trazia a água e derramava dentro de um pequeno buraco que havia feito.
Após ver repetidas vezes o menino fazer a mesma coisa, resolveu interrogá-lo sobre o que pretendia.
O menino, olhando-o, respondeu com simplicidade: -"estou querendo colocar a água do mar neste buraco".
Santo Agostinho sorriu e respondeu-lhe: -"mas você não percebe que é impossível?".
Então, novamente olhando para Santo Agostinho, o menino respondeu-lhe: "ora, é mais fácil a água do mar caber nesse pequeno buraco do que o mistério da Santíssima Trindade ser entendido por um homem!". E continuou: "Quem fita o sol, deslumbra-se e quem persistisse em fitá-lo, cegaria. Assim sucede com os mistérios da religião: quem pretende compreendê-los deslumbra-se e quem se obstinasse em perscrutá-los perderia totalmente a fé" (Sto. Agostinho).


™ O Mistério

Deus é uma trindade de pessoas: O Pai não é a mesma pessoa que o Filho; o Filho não é a mesma pessoa que o Espírito Santo, e o Espírito Santo não é a mesma pessoa que o Pai. Eles são pessoas distintas; ainda assim, são todos, o mesmo, único Deus. Eles estão em perfeita harmonia consistindo de uma única substância. Eles são co-eternos, co-iguais e co-poderosos. O Pai que envia o Filho que roga ao Pai o Espírito Santo que será enviado. Se qualquer deles fosse retirado, então não haveria Deus.

"Eu sou o SENHOR e fora de mim não há Deus" (Is 45,5)

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.” (Rm 1,20)

™ O conhecimento através da Revelação

A Santíssima Trindade só é conhecida através da Revelação, através das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que era Deus e Homem verdadeiro.

"Ensinai todas as gentes, e batizai-as em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo"
(Mt 28, 19).

"Meu Pai e eu somos um" (Jo, 10, 30)


Na promessa de enviar o Espírito Santo, Nosso Senhor, antes de se elevar ao Céu, anunciou aos Apóstolos que o Pai lhes enviará o Espírito Santo, que os ensinaria e os fortaleceria na fé: "Rogarei a meu Pai e Ele vos mandará outro consolador" (Jo 14, 16, 26), "o espírito da verdade" que "vos ensinará tudo" (Jo, 14, 26).
Ora, como não há ninguém senão Deus (a verdade), capaz de ensinar tudo, resulta dessas palavras que tal consolador é Deus, como o Pai e o Filho que hão de mandá-lo.

"Estejam com todos vós a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo!” (IICor, 13, 13)

No "batismo" de Nosso Senhor, ao sair da água, os céus se abriram e o "Espírito, como uma pomba", desceu sobre Nosso Senhor e uma voz veio dos Céus: “Tu és o meu filho amado, em ti me comprazo”.
"Só o Pai conhece o Filho e o Filho conhece o Pai" (Mt 11, 27; Lc. 10, 22).

O Espírito Santo "procede do Pai", que é "enviado pelo Filho" (Jo 15, 26; 16, 7).
"Filipe, quem me viu, viu também o Pai. Como é que dizes: Mostra-nos o Pai? Então não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim" (Jo, 14, 9 e 10).

"Quando tiver vindo o Consolador que eu vos mandarei de junto de meu Pai, o Espírito de verdade que procede do Pai, Ele dará testemunho de mim" (Jo, 15, 26).


Ora, o que procede de Deus tem, obrigatoriamente, natureza idêntica à de Deus. Dessa forma, fica clara a distinção de três pessoas em um só Deus, ou seja, três pessoas de mesma natureza, poder e glória.

™ A Santíssima Trindade no Antigo Testamento

Já no Antigo Testamento a Trindade estava implícita. Citemos algumas passagens:

Os sacerdotes judeus deviam, ao abençoar o povo, invocar três vezes o nome de Deus (Num. 6, 23).

Isaías diz-nos (6, 3) que os Serafins cantam nos céus: Santo, santo, santo é o Deus dos exércitos. Notemos, sobretudo, o estranho plural empregado por Deus na criação do homem: "façamos o homem à nossa imagem e semelhança"(Gen. 1, 26). No momento da confusão de Babel: "Vinde, diz o Senhor, confundamos a sua linguagem" (Gen. 11, 7). Por que esse plural? Já, depois da culpa de Adão, o mesmo livro sagrado representa Deus dizendo ironicamente: "Portanto eis Adão que se tornou com um de nós, vamos agora impedir-lhe que levante a mão à árvore da vida"(Gen. 3, 22). E David escrevia no Salmo CIX: "Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha direita".

™ A Santíssima Trindade na Tradição da Igreja

De acordo com sua crença, a Igreja sempre administrou o batismo em nome das três pessoas. Ocupa o primeiro lugar na liturgia, o mistério da Santíssima Trindade. Dela fazem menção todas as bênçãos, todas as orações, todas as cerimônias.
Os ortodoxos fazem o sinal da cruz da direita para a esquerda, e com três dedos unidos. Isto significa que a cruz, primeiramente, visa os bem-aventurados, que estarão à direita de Cristo (foi o que ouvi certa vez), enquanto os três dedos unidos significam as três pessoas da Santíssima Trindade numa só substância. Nós, latinos, fazemos o sinal da cruz da esquerda para a direita, para representar a conversão. Ambos são símbolos válidos.
O fundamental, porém, no sinal da cruz, é afirmar que o fazemos em NOME -- no singular -- de três Pessoas divinas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um nome em três pessoas, para significar que há um só Deus em três Pessoas realmente distintas. Fazemos a cruz para significar que cremos na Encarnação, Paixão e Morte de Cristo, e que aceitamos a cruz inteiramente sobre nós.